19.7.14

Sei muito bem o que quero...

O atleta Bruno Afonso, do Clube Náutico de Mértola, atravessa um momento áureo na sua carreira desportiva. Um percurso de que se orgulha enquanto representante da vila de Mértola e do Clube Náutico. 


Texto e foto Firmino Paixão

Depois de ter representado a seleção nacional no Campeonato da Europa, disputado no final de julho, em França, onde conseguiu dois 7.ºs lugares nas Finais A C2 de 500 e 1 000 metros, está agora em Szeged, na Hungria, a participar no Mundial de Velocidade Júnior e Sub/23, tripulando em conjunto com Nuno Silva (CNPrado) na regata C2 1000 m Sub/23. O jovem alentejano, que estuda Engenharia Informática na Universidade de Coimbra, lembra que ainda tem um percurso muito largo pela frente, apesar de sonhar com a conquista de uma medalha numa competição internacional.

Não é todos os dias que um jovem desportista com 20 anos deixa um Campeonato Europeu e vai para um Mundial…É o momento mais alto da minha carreira de atleta, pelo menos, até esta altura. Este será o meu primeiro Campeonato do Mundo, até agora só tinha participado em duas provas internacionais. Tinha feito o Europeu em 2012 e no ano passado fiz as Universíadas. Este está a ser o melhor ano da minha carreira, está tudo a correr de acordo com as metas que tinha traçado, os objetivos estão a ser cumpridos, fico bastante feliz por ir alcançando tudo o que pretendo.

Tem valido a pena todo o esforço e empenho que tem dedicado à canoagem?Sim, acima de tudo eu sinto-me muito orgulhoso de mim próprio. Tive muitos momentos altos, também alguns momentos baixos, mas considero-me bastante persistente, sei muito bem o que quero e luto sempre bastante até alcançar aquilo que pretendo. Sou ambicioso e não desisto facilmente das coisas.

A vossa prestação no Europeu foi boa ou esperavam melhor? Tínhamos diferentes objetivos para cada distância. Nos 1 000 metros, como é uma distância olímpica, a dificuldade é sempre maior e nos Sub/23 o nível está muito alto. Fomos com o objetivo de entrar na final. Eu e o Nuno, temos pouco tempo de conjunto, treinámos apenas dois meses, por isso, o apuramento para a final era o objetivo. Depois de qualificados queríamos mais, podia ter corrido um pouco melhor, mas acusámos alguma pressão.

E na final de 500 metros?Somos um pouco mais fortes do que na outra distância e queríamos um resultado melhor do que o 7.º lugar que obtivemos. Foi uma prova muito engraçada, porque praticamente as embarcações chegaram todas juntas e nós, pela diferença de quatro décimas, passámos do 4.º para o 7.º lugar e ficámos a menos de um segundo da medalha. Foi uma prova muito renhida mas, no global, fiquei satisfeito com a minha participação neste Europeu.

Que expectativa levou para a Hungria onde disputará o seu primeiro Mundial? Mais ou menos a expectativa que tinha do Europeu embora um Mundial seja uma prova muito mais difícil, porque algumas seleções levam os segundos barcos para o Europeu e os melhores apenas fazem o Mundial, e depois entram outros países muito fortes nas canoas. O Canadá, o Brasil, o Cazaquistão, o Uzbequistão, são países que apresentam sempre tripulações de grande nível, por isso, se conseguir a qualificação para a final já posso ficar satisfeito.

Já ganhou alguma notoriedade na canoagem portuguesa, algo que muda um pouco o dia a dia de um jovem oriundo de uma pequena vila alentejana...Vivo em Montemor-o-Velho nas residências da Seleção de Canoagem e o meu dia a dia já mudou há algum tempo. Treino de manhã, almoço e vou para a universidade; à tarde, quando regresso, treino de novo. Essa é a minha rotina diária. Vejo que as pessoas começam a conhecer-me melhor e a reconhecer o meu trabalho e isso deixa-me bastante satisfeito.

Que caminho lhe falta percorrer? Tenho ainda um caminho muito longo para percorrer, isto foi apenas um primeiro degrau dos muitos que terei que subir, faltam competições seniores porque nesse escalão é que estão os “tubarões” e eu ainda não entrei nessa competição. Falta-me ganhar mais notoriedade nos Sub/23 e depois sim, passar para os seniores.

Uma medalha numa competição internacional?Espero bem que sim, trabalho todos os dias para isso, não nego que é um sonho meu conseguir uma medalha num Campeonato da Europa ou do Mundo.

Um exemplo para os mais jovens …Acho que olham para mim como um exemplo a seguir. Sabem como é o meu dia a dia, isto não tem segredo nenhum, requer muito trabalho, muito esforço, muito sacrifício e dedicação, esse é o caminho para os bons resultados, não existe nenhum segredo especial. Por outro lado, consegui o que pretendia, entrei no curso de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra. Atualmente, com o tempo que dispenso à modalidade, o curso não corre na perfeição, um pouco também pela extrema dificuldade desta área, mas tenho um número de cadeiras feitas acima da média e estou satisfeito.

in
Diário do Alentejo

Sem comentários: